Viver de acordo com a natureza: essa é a verdade estóica. Mas a natureza é indiferente e o homem não suportaria tal indiferença, pois para nós, animais racionais, viver é ser diferente da natureza. Considerando, então, que a verdade estóica signifique, mais precisamente, viver de acordo com a vida: como poderia ser de outra maneira?! – caberia perguntar.
O fato é que, apesar de dizerem que retiram da natureza o seu princípio, na verdade, os estóicos impõem a ela a natureza estóica criada por eles, identificando assim, tudo o que existe à sua própria imagem e semelhança, à moral estóica (belo exemplo da tirânica idéia de que o homem é a medida de todas as coisas, mesmo quando diz ter recebido da natureza o seu princípio).
Enfim, assemelha-se mais com a tirania do que com qualquer outra coisa a relação que o estóico propõe à natureza. O próprio estóico, portanto, é um tirano de si mesmo – e deseja, igualmente ser o tirano da natureza e de tudo o mais. Mas o que não é essa tirania senão a própria filosofia metafísica e dogmática, cuja vontade de potência intelectual deseja nada menos do que criar o mundo e sua causa primeira?
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