sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

ALÉM DO BEM E DO MAL - 23

    
Ninguém ainda ousou conceber a psicologia como teoria da evolução da vontade de poder. De fato, o que até hoje se escreveu  muito se parece com o sintoma de tudo aquilo que foi silenciado pela força dos preconceitos morais. Isso porque a concepção dessa psicofilosofia exige uma luta contra as resistências inconscientes no âmago do investigador – resistências essas que se valem, inclusive, de uma certa valoração moral atribuída ao coração. 
 
Por isso, claro está que não faltam perigos na busca desse tipo de conhecimento. Como, por exemplo, evitar a náusea ao se admitir que até mesmo os afetos do ódio, da inveja, da cupidez e do desejo de domínio são afetos fundamentais à economia da vida? Na verdade, há milhares de boas razões para que se mantenham afastados dessa busca aqueles que possam fazê-lo. 

Mas, por outro lado, já que o barco se desviou do seu rumo até aqui, pois bem! Cerremos os dentes! Sejamos vigilantes! Mão firme no leme! Naveguemos em linha reta por sobre a moral, esmagando o que nos resta de moralidade por essas paragens.
              

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