sábado, 23 de julho de 2011

TAL QUAL PAUL VÁLERY

(...)
Válery não é arremedo de escudo
para o acuado remoedor do ar do medo:
um poema deve ser uma festa do intelecto.
E poemas e festa e intelectos implicam riscos.
Cuidado para não escrever:
ali, onde tudo não é senão ordem e beleza,
luxo, calma e volúpia.
Mas nada de emenda
pois este paraiso-artefato
só se atinge de fato no poema.
Por que proibi-lo de ser o delírio das sensações?
Por que propor, ó fedelho, um cinto de castidade
e uma presilha para uma donzela-musa
deflorada e redeflorada cuja virgindade
só se recompõem por gosto de ser
deflorada e redeflorada mais?
Às vezes ela clama para ser estuprada
mas não por você que fede a cueiros.
(...)

(Waly Salomão)
                        

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