sexta-feira, 20 de julho de 2012

MISTO QUENTE I

No dia seguinte, durante a aula, passei o tempo todo com isso na cabeça. Olhava para as garotinhas e me imaginava fazendo com elas. Faria com todas elas e teríamos bebês, eu encheria o mundo com caras como eu, grandes jogadores de beisebol, marcadores de home runs. Nauqele dia, logo depois da aula terminar, a professora, sra. Westphal, disse:

– Henry, você poderia ficar mais um pouco?

A sineta tocou, e as outras crianças foram embora. Fiquei sentado e esperei. A sra. Westphal corrigia uns papéis. Pensei: talvez ela queira fazer comigo. Me imaginei erguendo o vestido dela e olhando para o seu buraco.

– Tudo bem, sra. Westphal, estou pronto.

Ela ergueu os olhos das folhas.

– Está certo, Henry. Em primeiro lugar, apague todos os quadros negros. Depois leve os apagadores até a rua e tire o pó deles.

Fiz o que mandou, então voltei a sentar na minha classe. A sra. Westphal continuava lá, corrigindo os papéis. Ela estava com um vestido azul apertado, grandes argolas douradas nas orelhas, tinha um nariz pequeno e usava óculos sem armação. Esperei e esperei. Então, eu disse:

– Sra. Westphal, por que a senhora me manteve aqui depois da aula?

Ergueu o rosto e me encarou. Seus olhos eram verdes e profundos.

– Mantive-o até mais tarde porque às vezes você é mau.
– Ah, é? – sorri.

A sra. Westphal me olhou. Tirou seus óculos e continuou me encarando. Suas pernas estavam ocultas pela mesa. Eu não podia ver seu vestido.

– Você estava muito desatento hoje, Henry.
– É?
– E não fale comigo desse jeito. Você está se dirigindo a uma dama!
– Oh, claro...
– Não seja insolente comigo!
– Como a senhora quiser.

Ela se levantou e saiu detrás da sua mesa. Caminhou por entre as classes e sentou-se sobre a mesa à minha frente. Tinha pernas maravilhosas, longas, cobertas por meias de seda. Sorriu para mim, esticou uma das mãos e tocou num dos meus pulsos.

– Seus pais não lhe dão muito amor, não é verdade?
– Não preciso desse tipo de coisa – respondi.
– Henry, todos precisam ser amados.
– Não preciso de nada.
– Pobre garoto.

Ficou de pé, veio até minha classe e tomou devagar minha cabeça entre suas mãos. Curvou-se e me estreitou contra os seios. Estiquei-me e enlacei suas pernas.

– Henry, você precisa parar de brigar com todo mundo! Queremos ajudá-lo.

Agarrei as pernas da sra. Westphal com mais força.

– Tudo bem – eu disse –, vamos trepar!
O que você disse?
– Eu disse vamos trepar!

Olhou-me por um longo tempo.

– Henry, nunca vou dizer para ninguém o que você me disse, nem para o diretor, nem para os seus pais, para ninguém. Mas eu nunca mais, nunca mais quero que você me diga isso outra vez, entende?
– Entendo.
– Tudo bem. Você pode ir para casa agora.

Levantei e caminhei em direção à porta. Quando a abri, a sra. Westphal disse:

– Boa tarde, Henry.
– Boa tarde, sra. Westphal.

Segui pela rua pensando no acontecido. Senti que ela estava a fim de trepar, mas tinha medo por eu ser jovem demais para ela, medo que meus pais e o diretor pudessem descobrir. Tinha sido excitante ficar sozinho com ela na sala vazia. Essa coisa de trepar era bacana. Dava às pessoas mais coisas em que pensar.

(Charles Bukowski)
     

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