EM MEMÓRIA AOS 38 ANOS DO ATAQUE DE 11/09
A História que não está na mídia
“Aviões da Força Aérea chilena atacaram o palácio La Moneda”.
Eis as palavras anunciadas com voz trêmula pelo locutor da emissora sindical Rádio Corporación, no final da manhã de 11 de setembro de 1973.
Três anos antes, no dia 4 de setembro de 1970, Salvador Allende havia sido eleito presidente do Chile. Pela primeira vez na América Latina um político socialista chegava ao poder de forma democrática.
O ataque comandado por Augusto Pinochet, chefe do exército do governo deposto, foi festejado politicamente pelo governo norte-americano de Richard Nixon, do qual também obteve apoio logístico. O golpe militar de 11 de setembro de 1973 foi o sangrento ponto final da política exterior dos EUA contra o governo Allende, combatido por Washington desde o seu início.
O desarquivamento maciço, em 1999, de documentos americanos sobre o golpe de estado no Chile ajudou a esclarecer a responsabilidade de Washington na derrubada de Salvador Allende. O desarquivamento desenterrou detalhes sobre as operações secretas da CIA, primeiro para impedir que Allende fosse eleito, depois para desestabilizar seu governo e, finalmente, para apoiar o golpe e a posterior ditadura de Pinochet, que durou 17 anos e ceifou trinta mil vidas.
Pela memória das lutas revolucionárias
No início deste mês de setembro, muito se alardeou na grande mídia sobre o aniversário de dez anos daquilo que se convencionou chamar de o maior atentado terrorista da História: o 11/09 norte-americano.
Buscando fugir do revanchismo que comumente cria disputas entre tragédias humanas ocorridas em tempos e espaços distintos (não obstante elas ocorram inegavelmente sobre o mesmo solo histórico da luta de classes ao redor do mundo), o Núcleo Frei Tito faz um chamado para alguns instantes de reflexão.
A despeito da dramática disputa entre números estatísticos, tão abundantes na tentativa de mensurar a dimensão humana das tragédias e também a medida justificadora do ódio que as segue, cabe a nós a coragem de nos perguntarmos o que, de fato, faz uma tragédia maior ou menor que a outra. O número de mortos? O volume dos escombros ou ferros retorcidos? Os prejuízos econômicos de médio e longo prazo? O recrudescimento da reação conservadora cinicamente justificada?
Tudo isso conta, é verdade. Mas nada disso assume o seu significado pleno se deixarmos de fora da nossa análise o fato de que a grande medida da tragédia humana moderna situa-se, mais precisamente, no valor que damos ou deixamos de dar a sua principal causa: a luta de classes. Sigamos juntos, portanto, lutando pelo sonho coletivo de um mundo sem classes!
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