domingo, 27 de fevereiro de 2011

DUAS VEZES QUINTANA

O GATO

O gato chega à porta do quarto onde escrevo.
Entrepara... hesita... avança...

Fita-me.
Fitamo-nos.

Olhos nos olhos...
Quase com terror!

Como duas criaturas incomunicáveis e solitárias
Que fossem feitas cada uma por um Deus diferente.

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O VELHO POETA

Velho? Mas como?! Se ele nasceu na manhã de hoje...
Não sabe o que fazer do mundo,
Das mãos,
De si mesmo,
Do seu sempre primeiro e penúltimo amor...
E – quem diria? – o que ele mais teme na vida
                                     é o seu próximo poema!
Porque está sempre perigando sair tão
                                           comovedoramente ruinzinho
Como os primeiros poemas que ele escreveu menino...

(Mario Quintana)

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