domingo, 7 de dezembro de 2014

POESIA

Ainda que com olhares de belas ninfas a vida clame
De mim és diva guia que soberana reina cruel
Destino que se consuma sem tolo pranto e sem escolha
Que soem dos teus exércitos de palavras firme tropel 

Clangores do ferro etéreo se avizinham da cidadela
Adiante soa a trombeta a pôr guerreiros em prontidão
Mulheres se desesperam e fazem preces a deuses pétreos
O sangue corre nas veias, levitam alvos os pés do chão

Um brado soa terrível, diz ser a vida diva batalha
Sussurros o contradizem, sugerem diva a comunhão
O peito em polvorosa retumba as rochas d’alta muralha
Trabalham os duros punhos entre refregas e mansidão

Distante, muito distante no bosque brincam ninfas travessas
Persegue-as com teso caule o divo Pã, cascos de bode
Encenam entre vinhedos do drama áureo versões avessas
Entoam da vida o canto, versos satíricos, lascivas odes

Já longe vai a batalha na cidadela dos tempos idos
Já mortos o mercenário exposto e o rei, ambos irmãos
No bosque o som da flauta soa prazeres consentidos
O sol no azul do céu nos ilumina com seu clarão

Ó musa que me consagra de ti humilde sou servidor
Rapina me traz a águia de afiado bico guerreiro
Qual bípede sem asas ou pluma vôo em seu louvor
Medita em mim coruja de quedo olhar e sábio zelo

Nenhum comentário:

Postar um comentário