sábado, 13 de dezembro de 2014

ONDE NÃO ESTAMOS

Há um lugar
Onde o tempo não passa
No qual sou cativo
Das minhas instituições

Nesse lugar estranho
Arredio a geografias e à rosa dos ventos
Sou o rei espoliado
Que governa o desgoverno do nada
Por puro prazer, por puro engano

Há um lugar
Onde o tempo não passa
E onde nada passará
Onde a grama não cresce
Onde o sol é sentimento
Onde a esperança é o bobo da corte
Zombeteiro e desarmado

Esse lugar
Tem vivido em polvorosa
Com o vaticínio banal
De um vate ancestral
- O rei cairá, senhoras e senhores
  Avizinham-se forças mundanas
  Ávidas de danos concretos
  E de melodias menos patéticas
  Cercados estamos!
  Não resistamos!
  Em nome dos deuses
  Não resistamos!
  Se não resistirmos
  Eles passarão!
 
Já adentra os portões o divo cavalo
Que saqueiem e ateiem fogo à cidade
Em que vivemos e onde não estamos!

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