quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

MEIO DIA

Quando desvio os olhos
do desgastado caminho reto
é você quem vejo
sorrindo e me lembrando
que matéria de sonhos líricos
não é, ardente e perdida de amor
não é, sonhadora de ideais em flor
não é, coração que deseja a ruína
não é, esperança que não se afogou
não é, donzela de qual torre brônzea
não é, recompensa a quem não se compensa
não é, lua cheia querendo atenção
não é...
senão brisa,
inconstante,
que acaricia e se vai
quando quer
porque quer
porque veio
porque quando,
tão leve
e tão cheia de cicatrizes
e transparências
e zumbidos
e tons
e força
e simplicidade
e escárnio,
fio de navalha,
cruel,
acolhedora; e
impossível; e
proibida; e
desejável; e
atingível
quiçá apenas
ao maduro
coração
sob a luz viva
do meio dia
de uma vida

inteira.
        

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