sábado, 1 de janeiro de 2011

AMOR DE LEMINSKI



                    I

O amor, esse sufoco,
agora há pouco era muito,
agora, apenas um sopro

ah, troço de louco,
corações trocando rosas,
e socos


                  II

ai daqueles
que se amaram sem nenhuma briga
aqueles que deixaram
que a mágoa nova
virasse a chaga antiga

ai daqueles que se amaram
sem saber que se amar é pão feito em casa
e que a pedra só não voa
porque não quer
não porque não tem asa


                 III

Esse estranho hábito
escrever obras-primas,
não me veio rápido.
Custou-me rimas.
Umas paguei caro,
liras, vidas, preços máximos.
Umas, foi fácil.
Outras, nem falo.
Me lembro duma
que desfiz a socos.
Duas, em suma.
Bati mais um pouco.
Esse estranho abuso,
adquiri faz séculos.
Aos outros, as músicas.
Eu, senhor, sou todo ecos.

(I, II e III Leminskis)
                                    

Nenhum comentário:

Postar um comentário