segunda-feira, 27 de julho de 2015

A ÁRVORE DO ENFORCADO

    Do caule brota pronta
A planta que me espanta
    Ramifica além da conta
Da semente se agiganta
    A raiz, que se avoluma
Enterrada no instante
    Suga o tempo, espessa bruma
Decompõe depois e antes
    Frutifica fruto tênue
De sabor extra-vagante
    Já não sou quem era antes
Já de mim sou pura afronta
    Galho penso onde pousa
Assobio sem passarinho
    Tronco estranho no qual ousa
A ilusão erguer seu ninho
    Sobe ao céu a fronde fátua
Sorve o sol e azul fulgura
    Saboreia a chama árdua
E despenca em noite escura
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RAIZ
    Essa, aquela,
outra e tanta
    despetalada   
poesia:
    enraizada árvore genealógica
reinventada   
    dos meus,
dos nossos
    dias.
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REVOLUÇÃO, REVOLUCIONÁRIO
Imensa solidão
    Avessa imensidão
Nem só, nem são
    Solitário
Acrobata sem rede
    Extra - ordinário
A dois palmos, o chão

    E o deserto e a sede
Em meio à multidão
    Literário
Vasto e triste
    Charlatão de si mesmo
Alma em riste
    Coração sem desejo
Falsário

    Condenado de saída
Patíbulo ao encalço
    Da comédia, a guarida
Da vida, cadafalso

    Subversivo
Arbitrário
    Nem solidão, nem solitário
Artesão
    Inquebrantável operário
Poeta que inflige
    à ordem, a desordem
Ao mundo
    O contrário

Revolução
    Revolucionário   

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