sexta-feira, 10 de maio de 2013

CREPÚSCULO DA JUVENTUDE

então, o daemônio respondeu:
essa é a tua razão,
ser para sempre a tua escolha.
Infância. Juventude. Crepúsculo.
Mas saiba, só os maduros morrem.

Disse:
E as crianças e os jovens?

Respondeu:
Vivem e matam, ora bolas.

Coro:
De surpreendente nada havia.
O tempo é a grande guilhotina
que cria o novo que envelhece,
e para sempre mata o que cria.

Olhei, de olhos fechados, o daemônio.
Ele me olhava e sorria.

Disse:
O que pode a infância contra o crepúsculo?

Respondeu:
Ser espelho invertido.
Um vida, um morte.
Um azar, um sorte.
Um luto, um melancolia.

Disse:
E o jovem, onde fica?

Respondeu, sobrancelha erguida:
Fica?

...tic, tac, tic, tac, tic, tac, tic, tac, tic...

Disse:
Ok! Dê-me o crepúsculo.

Respondeu, sorrindo:
Para isso, aprenda a ciência.

Disse:
Ciência?

Respondeu:
Sim, paciência.

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